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quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Raiva - Por Ely Varella

Raiva

A Raiva - como sentimento - é considerada “inadequada” ao ser humano, por esta ser classificada como um sentimento negativo.

Mas evitá-la é muitas vezes, simplesmente, exigir demais de nós, pobres mortais. Então o certo é entender a Raiva e suas implicações. Quando aprendemos com ela, conseguimos transformá-la e dessa forma acabamos por dispersar esse sentimento.

Segundo Clarissa Pinkola Estés “um uso negativo da Raiva consiste em concentrá-la destrutivamente em um único ponto minúsculo até que, como o ácido gerando uma úlcera, ela abre um buraco negro que perfura todas as camadas delicadas da psique. Toda emoção, mesmo a Raiva, possui conhecimento, insight, o que alguns chamam de iluminação. Nossa Raiva pode, por algum tempo, ser nossa mestra... algo de que não devemos nos livrar tão rápido, mas sim, algo com que aprender, algo a ser tratado internamente e depois transformado em algo útil para o mundo ou algo que deixamos voltar ao pó. O ciclo da Raiva é como qualquer outro ciclo: ela sobe, cai, morre e é liberada como energia nova. A Raiva não transformada pode se tornar um mantra constante acerca de como fomos oprimidos, ferido e torturados”.

Quando ficamos presos a esse sentimento perdermos a capacidade de ter esperança. Deixamos de acreditar que algo bom possa nos acontecer.

Olhar para Raiva; descobrir o que de fato a provocou, é o primeiro passo para a libertação da mesma.


Ainda Clarissa em seu livro “Mulheres que Correm com os Lobos”, nos explica que a indignação ou irritação, que sentimos naturalmente com relação a vários aspectos da vida e da cultura é exacerbada quando houve repetidas ocorrências de desrespeito, perseguição, negligência ou extrema insegurança na infância. O ser ferido dessa forma fica sensibilizado para futuros traumas e utiliza as defesas para evitá-las. Significativas perdas de poder, ou seja: perda da certeza de que somos dignos de: cuidado, respeito e atenção, geram uma tristeza extrema e juramento irados por parte da criança de que, quando adulta, ela nunca mais se permitirá ser ferida daquela forma”.

A Raiva não é um sentimento que simplesmente podemos “empurrar para debaixo do tapete”. Ela requer primeiro que a expressemos. Porque, ao tentarmos represar a Raiva, ela irá permanecer feito um vulcão - pronto a romper-se e lançar violentamente lavas não aos céus – mas na grande maioria, em direção a situações ou pessoas que nada tem a ver com o que originou nossa Raiva.

A Raiva é um sentimento de protesto, insegurança, timidez ou frustração, contra alguém ou alguma coisa, que se exterioriza, quando o ego se sente ferido ou ameaçado.

À mulher, coube o “engolir” a Raiva; não temos o direito de senti-la, pois desde meninas somos criadas para suportar a dor; que deve haver paz a todo custo; que não podemos, nos “intrometer”; brigar é coisa de meninos. Afinal, briga é guerra e é por isso que eles vêm de Marte... como diria o título de um livro que fez sucesso recentemente. Temos de ser simpáticas e invariavelmente passar a vida engolindo “sapos” para o bem familiar. Logo a mulher tem dificuldade em agir em sintonia com a Raiva na hora certa, mas não deixamos de agir por timidez ou introversão; mais agimos em função de um excesso de raciocínio, de um esforço exagerado para sermos “politicamente corretas”. É as mulheres são mesmo de Vênus...


Foi muito comum até meados dos anos 60, as meninas crescerem ouvindo: “não discuta com o seu pai”; “papai tem sempre razão”; “obedeça a seu pai”; não aborreça seu pai”; “não leve problema para seu pai”; “esquente o jantar do papai”; “leve o chinelo do papai”; “veja se o papai precisa de alguma coisa” e de “preferência não respire, porque papai está em casa”...

Por esse motivo aquelas mulheres que sofrem violência em seus casamentos, são mulheres que foram obrigadas desde a infância a não expressar a Raiva; vindo de lares onde o pai imperava. Mas esses pais eram na verdade o negativo do Imperador, tal como nos fala esse Arcano do Tarô. Homens com uma personalidade inflexível, orgulhosa, obstinada, forte teimosia que não abriam espaço ao diálogo. A ordem era dada sem margem para as filhas discordarem.

Para expressar a Raiva, a mulher precisa primeiro lidar com o medo que ela tem da privação dos direitos de ser considerada indesejável, da destruição de relacionamentos que são importantes para ela e às vezes até mesmo violência física a que pode se expor se contrariar o pai ou o marido.

Ainda segundo Clarissa Estés: “para quem passou bastante tempo elaborando algum trauma, quer ele tenha sido provocado pela crueldade, negligência, falta de respeito, falta de responsabilidade, arrogância ou ignorância de alguém, quer por obra do destino, um dia chega à hora de perdoar a fim de liberar a psique para que ela volte a um estado normal de calma e paz”.

A Raiva muitas vezes é usada para ganhar força. Mas esse proceder tem seu preço a ser pago: a Raiva constante queima seu próprio fogo vital.


Para o Budismo toda a nossa frustração gera o sentimento de raiva que na verdade é a conseqüência de nossa própria falta de autocontrole e do desconhecimento das potencialidades do ego. A raiva é destrutiva, pois faz parte do lado sombrio e escuro e já acabou com muitas amizades, famílias e mesmo vidas. Por isso o Budismo nos ensina que através da meditação, do mergulho em nosso interior, nos possibilita ter o entendimento de como funcionamos, como sentimos as coisas, como reagimos à elas.

Segundo Mike George, autor do livro, “Viva com sabedoria”; os distúrbios emocionais causados pela raiva e ressentimento deslancham uma reação em cadeia que, entre outras coisas, transforma seus hormônios em toxina. Se a raiva não destrói seu corpo, destrói sua capacidade de ser criativo. E ser criativo é em si, o objetivo da vida.


“Estar presa a uma Raiva significa estar cansada o tempo todo, ter uma grossa camada de cinismo, destruir a esperança, frustrar o novo, o promissor. Significa ter medo de perder antes de abrir a boca. Significa chegar ao ponto de ebulição por dentro, deixando transparecer ou não. Significa amargos silêncios defensivos. Significa sentir-se desamparada. Existe, porém uma saída, e é através do perdão”, como bem disse Clarisse.

Mas antes de entendermos o “perdoar” é preciso parar para refletir o quanto de Raiva estamos armazenando. O quanto dessa Raiva é responsabilidade nossa; e na grande maioria é, porque por medo não discordamos de algo que não nos serve, e isso fatalmente irá gerar a frustração que gerará a Raiva.


Antes de falarmos do perdoar, olhemos para todos os “sapos” que engolimos na vida. Qual o seu tamanho? São...“girinos”? São...“pererecas” ou... são “sapos dos grandes”?

E o principal a se perguntar: o que nos impede de dizer a palavra “não”. Dizer “não” para situações que sabemos irão nos ferir; dizer não para pessoas mesmo sendo aquelas que amamos sem se importar com o resultado do nosso não. Porque o mais cruel e desumano que podemos fazer conosco é dizer “não” para nós mesmos. Não: eu não posso ter isso; eu não posso fazer isso; não posso querer aquilo; eu não tenho capacidade para me conduzir sozinha; eu não posso dizer não.

E quando a gente entender que não só podemos, como devemos, dizer “não”; talvez estejamos dando o passo principal para eliminar a Raiva de nosso círculo de sentimentos.

Quando deixarmos de agir no “politicamente correto”; nas atitudes “sou boazinha”; quando deixarmos de ter medo de perder o que “nunca tivemos”. Quando aprendermos a nos conhecer. Conhecer nossos limites. Saber aquilo que suportamos ou não. Quando aprendermos a nos respeitar, e, sobretudo quando aprendermos a perdoar, não haverá mais lugar para a Raiva.

Mas o Perdão é para um próximo “capítulo”.

Ely da Costa Varella

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